A perspectiva de gênero no Direito brasileiro

Avanços e retrocessos no combate à violência contra a mulher

Autores

  • Aline Setenta UESC
  • Saskya Miranda Lopes

DOI:

https://doi.org/10.56516/revdirfem.v1i1.7

Palavras-chave:

violência, perspectiva de gênero, lei

Resumo

O enfrentamento a violência contra a mulher no Brasil foi marcado pela promulgação da Lei 11.340 de 2006, que trouxe, de forma inovadora, a palavra gênero e seus desdobramentos para o Direito brasileiro, além de criar a primeira política pública de gênero no país. Muitos foram os avanços legais e a ampliação do campo de estudos de violência de gênero após o advento da lei, entretanto recentemente, esse cenário tem mudado. O avanço da extrema direita no Brasil tem ameaçado as conquistas legais e os espaços de discussão e prevenção da violência contra a mulher, ao defender a desvinculação da violência contra a mulher a uma questão de gênero. Assim, esse artigo tem como objetivo discutir a repercussão da presença da perspectiva de gênero no Direito brasileiro, após a Lei Maria da Penha até o advento do Protocolo do CNJ, e as recentes ameaças a essas conquistas. As incursões recentes contra a palavra gênero têm ameaçado a consolidação, ainda em andamento, da política de gênero e o fortalecimento da rede de enfrentamento que inclui a prevenção e a construção de uma educação na perspectiva de gênero.

Referências

BEAUVOIR, S. d. O segundo sexo: II A experiência vivida. São Paulo: Difusão Europeia de Livros, 1967.

BRASIL. Lei nº 13.340, de 07 de agosto de 2006. ria mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher. Diário Oficial da União, Brasília, DF, v. 08, n. 08, 2006. Seção 01, páginas 01.

Comissão Internacional de Direitos Humanos. Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra A Mulher, “Convenção de Belém do Pará”. Disponível em: <https://www.cidh.oas.org/basicos/portugues/m.Belem.do.Para.htm> Acesso em: 03 maio 2020.

Conselho nacional de Justiça. Protocolo para julgamento com perspectiva de gênero 2021. Disponível em:<https://www.cnj.jus.br/wp-content/uploads/2021/10/protocolo-18-10-2021-final.pdf> Acesso em 03 de maio de 2022.

CAMPOS, C. H. Lei Maria da Penha: fundamentos e perspectivas. Em I. V. org., Uma década da Lei Maria da Penha: percursos, práticas e deafios. Curitiba: CRV. doi:10.24824/978854441920.5, 2017.

DUARTE, M. (2012). O lugar do Direito nas políticas contra a violência doméstica. Ex aequo, 23, 59-73. Disponível em: http://www.scielo.mec.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0874-55602012000100006&lng=pt&tlng=pt. Acesso em: 03 maio 2022.

FEDERICI, S. Calibã e a Bruxa: mulheres, corpo e acumulação primitiva. São Paulo: Elefante, 2017.

HARAWAY, D. Gender” for a Marxist Dictionary: the Sexual Politics of a Word. In: D. Haraway, Simians, Cyborgs, and Women. The Reinvention of Nature (pp. pp.127-148). London: Free Association Books Ltd, 1991.

Kapur, R. (2006). Revisioning the role of the law in women’s human rights struggles», in Saladin Meckled-García e Basak Çali (eds.), The legalization of human rights: multidisciplinary perspectives on human rights and human rights law, Oxon, Routledge, 2006.

MEAD, M. Sexo e temperamento. São Paulo: Perspectiva, 2000.

NICHOLSON, L. Interpretando Gênero. Revista de Estudos Feministas, V8, n 2, 9-41, 2000.

PEREIRA, Reinaldo A., DE MIRANDA, Marcelo H. A Lei do feminicídio e o reducionismo da categoria "mulher" ao sexo biológico: um apartheid de gênero?. Argumenta Journal Law, Jacarezinho – PR, Brasil, n. 31, 2019, p. 15-26, 2019.

PISCITELLI, A. Re-Criando a (Categoria) Mulher? In: L. ALGRANTI, A prática feminista e o conceito de gênero. Textos Didáticos (pp. p. 7- 42). Campinas: IFCH/Unicamp, 2002.

PISCITELLI, A. Género : a historia de um conceito. In: H. B. Almeida, & J. Szwako, Diferenças, igualdades (pp. 116-146). São Paulo: Berlendis/Vertecchia, 2009.

SAFFIOTI, H. I. Primórdios do conceito de gênero. Cadernos Pagu, n 12, pp.157-163,

SAFFIOTI, H. I. Ontogênese e filogênese do gênero: ordem patriarcal de gênero e a violência masculina contra a mulher. Flacso Brasil. Série Estudos e Ensaios / Ciências Sociais, pp. 1-44, 2009.

SANTOS, M. C. Para uma abordagem interseccional da Lei Maria da Penha. Em I. V. Machado, Uma década de Lei Maria da Penha: percursos, práticas e desafios (pp. 39-62). Curitiba: CRV, 2017.

RUBIN, G. (1993). O tráfico de mulheres: notas sobre a “economia política” do sexo. Recife: SOS Corpo, 1993.

Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres / Política Nacional de Enfrentamento à Violência contra as Mulheres Brasília: Secretaria Especial de Políticas para Mulher. Disponível em: https://www12.senado.leg.br/institucional/omv/entenda-a-violencia/pdfs/politica-nacional-de-enfrentamento-a-violencia-contra-as-mulheres> Acesso em: 03 maio 2020.

SCOTT, J. Gênero: uma categoria útil de análise histórica. Educação e realidade, v. 20, n 2, 1991. Disponível em: https://seer.ufrgs.br/index.php/educacaoerealidade/article/view/71721. Acesso em: 02 de maio de 2022.

Downloads

Publicado

30.06.2022

Como Citar

SETENTA, A.; MIRANDA LOPES, S. . A perspectiva de gênero no Direito brasileiro: Avanços e retrocessos no combate à violência contra a mulher. Revista Direito e Feminismos, Salvador, BA, v. 1, n. 1, p. 1–14, 2022. DOI: 10.56516/revdirfem.v1i1.7. Disponível em: https://revista.ibadfem.com.br/revista/article/view/7. Acesso em: 19 set. 2024.